sexta-feira, 11 de outubro de 2013

07 DE OUTUBRO-MASSACRE DA USIMINAS

O MAIOR MASSACRE DA HISTÓRIA DO VALE DO AÇO QUANDO TUDO AINDA ERA CORONEL FABRICIANO
IPATINGA E TIMÓTEO ERAM DISTRITOS OU BAIRROS DE NOSSA CIDADE... 

massacre de Ipatinga
Completa nesta segunda-feira (7), 50 anos do confronto de policiais militares com trabalhadores da Usiminas e que ficou conhecido como Massacre de Ipatinga. No dia 7 de outubro de 1963 os funcionários da Usiminas, em Ipatinga, protestavam denunciando as más condições de trabalho e a humilhação que sofriam ao serem revistados antes de entrar e sair da jornada de trabalho. De cima de um caminhão, 19 policiais militares atiraram nos trabalhadores. Oficialmente, oito pessoas morreram e 79 ficaram feridas. Dentre as mortas, uma criança que morreu no colo da mãe. Eliane Martins, que dá nome ao Hospital Municipal.
O episódio é considerado uma prévia da repressão militar que tomaria conta do país a partir de 1964. O Brasil viva momentos tensos. Trabalhadores anunciavam greves em várias localidades. Ipatinga e Timóteo não existiam como cidades e eram apenas distritos de Coronel Fabriciano.
Ipatinga, ainda com resquícios de uma pequena vila carvoeira, parecia um “formigueiro humano”. Pessoas de várias partes do país, principalmente do nordeste, se despediam dos parentes dizendo “tô indo para a Usiminas”. Nos poucos aparelhos de rádio, que tinham como programação as emissoras da capital, os cantores brasileiros lutavam para se firmarem como estrelas da voz, cantando marchinhas e boleros. A dupla Cascatinha e Inhana, já consagrada por canções como Meu Primeiro Amor e India, emocionava o país, ainda muito rural.
O momento era esse e o dia, 6 de outubro de 1963. Uma assembleia de empregados que trabalhavam na implantação da Usiminas era dirigida por Geraldo dos Reis Ribeiro, presidente do sindicato. O clima era tenso, mas ele não imaginava que no dia seguinte estaria recolhendo os corpos de alguns participantes daquela reunião, tombados por balas de fuzil e metralhadora.
O Plox gravou um vídeo com o sindicalista, no qual ele conta detalhes daquele dia. Mais do que testemunha, ele foi parte integrante dessa história que chega aos 50 anos e se mantém cheia de mistérios e abre espaço para que o imaginário popular comece a se confundir com a realidade dos fatos. Com o passar dos tempos, certamente as duas versões se confundirão.

Eliane Martins

O assunto virou tabu. Traz sobre si uma ideia de revolta e mistério, recheada por divergências que vão desde a definição dos culpados até a quantidade de vítimas. Mas em uma coisa todos concordam: houve um fato grave que mudou os rumos da cidade e principalmente a relação entre a que seria a maior empresa da região e seus colaboradores.
 data se tornou emblemática. Uma área de esportes da cidade recebeu o nome de Centro Esportivo e Cultural 7 de Outubro.
O Plox exibe nesta matéria o documentário "Silêncio 63", produzido pelo cineasta Fábio Nascimento, sobre esse episódio histórico.
Segundo a historiadora Marilene Tuler, autora do livro "O Massacre de Ipatinga", o filme trata da construção de um “silêncio” em torno do assunto.
"O interesse pelo fato vem da minha adolescência, e cresceu à medida que tomei consciência do silêncio que o envolve, mesmo quase 50 anos após o ocorrido", relata o documentarista, que nasceu em Ipatinga e graduou-se em Cinema pela Université de Paris 3 - Sorbonne Nouvelle. "Silêncio 63" é resultado de seu projeto de mestrado, também cursado na França.

Em 2009, o Plox produziu um documentário sobre a história de Ipatinga. Em um dado momento do vídeo, os entrevistados relembraram aquele dia.

Clique e assista ao documentário.

Está prevista para hoje, uma audiência pública no Fórum de Ipatinga para tratar do assassinato dos trabalhadores. Coordenado pela Comissão Nacional da verdade (CNV) o evento tem a intenção de recolher depoimentos de sobreviventes e familiares que tragam novas informações sobre o caso. A principal dúvida que recai sobre o caso é quanto ao número de vítimas, que pode ser bem maior que o oficial. Estimativas do Fórum Memória e Verdade do Vale do Aço, organização da sociedade civil autora do pedido que levou à organização da audiência, apontam cerca de 30 mortos.
De acordo com a pesquisa realizada pelo Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão, da CNV, e pelo Fórum Memória e Verdade do Vale do Aço, os trabalhadores dos primórdios da Usiminas eram submetidos a condições salariais, de trabalho e de vida precárias e violadoras de qualquer concepção de justiça social. Para que a pauta reivindicatória e o comportamento dos trabalhadores não saíssem do controle da empresa, segundo ainda a pesquisa, eles eram mantidos sob o controle de violenta vigilância privada e também estatal, a cargo da Polícia Militar, responsável pela vigilância patrimonial da Usiminas, então sob ordens do governador Magalhães Pinto.
usiminas
No dia 6 de outubro de 1963, véspera do massacre, ocorreu o prenúncio de conflito quando vigilantes e policiais a serviço da vigilância da Usiminas realizaram uma ação violenta de espancamento e prisão de cerca de 300 operários do alojamento Chicago Bridge. Diante da violência, os operários decidiram não entrar na Usiminas no dia seguinte e permaneceram em frente a um de seus portões exigindo melhor tratamento pela vigilância da empresa e pela PM.
Local onde hoje funciona a Faculdade Pitágoras foi área de confrontos

 
massacre de Ipatinga
massacre de IpatingaNos dias seguintes revistas e jornais de circulação nacional noticiaram o fato. Depois disso, veio o golpe militar de 1964 e o assunto foi “esquecido”.

De 2 mil a 5 mil trabalhadores foram até a frente da empresa, onde foram encurralados por uma cerca e um caminhão com 19 policiais militares armados, inclusive com metralhadora. O massacre foi fotografado por José Isabel Nascimento, fotógrafo amador, que foi um dos únicos a fotografar o ataque. Porém, foi atingido por vários tiros durante o episódio e faleceu dez dias depois.
O filho dele, Rossi do Nascimento Filho, é um dos participantes do filme documentário "Silêncio 63".
massacre de IpatingaFoto: reprodução do filme
Em sua fala, ele deixa claro o sentimento de perda e destruição de sua família.
 MATÉRIA EXTRAÍDA DO SITE www.plox.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário